13 de nov. de 2010

Você Comeria Seus Castelos de Sonhos?


Diuturnamente, deparamos-nos com fatos que nos estarrecem, chocam-nos, às vezes, por sua intempestividade, por vezes, povoando este nosso universo, que aceitamos como tal e qual, remetendo-nos a um caminho que sonhamos de paz.
Quando crianças, fomos ZORRO! Nele sublimamos a justiça, muito embora o Sargento Garcia, que lhe perseguia, também queria a mesma paz, a mesma dualidade de equilíbrio entre o bem e o mal. O mal perdia e nós nos divertíamos com as papanguçadas do nosso admirável sargento.
Este tema é infantil, mas, no meu tempo de adulto, recorro a estas fantasias.
Volto ao meu antigo reino infantil. Eu brincava com cavalos de pau imaginando-os verdadeiros em cabos de vassoura, onde eu seria o cavaleiro vencedor na próxima esquina. E jogava jogos de botões de cuja lavra eu era o artífice. Não havia número e nem nomes em seus costados, apenas a vontade de brincar.
Construí muitos castelos de areia e, nestes castelos, vi neles os meus sonhos de criança. Neles, era sonho, acreditava que os homens pudessem ser felizes. Que nunca fosse contado que Caim matou Abel. Que Eva traiu Adão. Neste castelo, eu procurava a princesa “com quem iria me casar” e ter minhas crianças que nasceriam e com as quais seria feliz.
Este castelo, vi nos olhos de uma criança excepcional; uma criança vitimada pela violência que assola nosso país. Cantei para ela e ouvi suas palmas. Beijei seu rosto e nela vi a imagem de Jesus e, nela, a esperança de quem vai sobrepujar todas as adversidades .
Neste dia, após descer do palco, fui ter um dedo de prosa com esta criança. Impressionaram-me sua desenvoltura e a facilidade com que colocava suas idéias. A referência que fiz alhures sobre castelo veio justamente de uma pergunta dele: “Tio, você comeria seu castelo de sonhos?”.
No alto de minha experiência, fiz-me calar sem uma resposta de bate pronto. O castelo para mim era uma imagem real, palpável. Não era um castelo de sonhos. Os sonhos é que lhe povoavam. Desarmei-me de todas as idiossincrasias, pragmatismos e idéias pré-concebidas. Remontei o meu castelo e fí-lo em sonhos. Pronto! Não havia lago a lhe rodear, cheio de jacarés, nem torres, nem aquela porta ridícula que era içada por fortes correntes. Ah! Tirei, também, a princesa com quem iria me casar.
Providenciei uma urgente volta à minha infância, vesti-me de mago absoluto, plantei jardins de imaginação e fui um rei de um reino perfeito, onde todos eram felizes, onde todos trabalhavam e colhiam o seu quinhão de felicidade. Que reino lindo e que castelo de sonhos factível. Era o nosso castelo, não o seu, não o meu. A união era a maior arma. Guerras? O que é isto? Jamais
Que viagem emocionante. Meus olhos, rútilos, brilharam na travessia ímpar da emoção de ser feliz e de vivenciar o meu castelo de sonhos.
Voltei a esta realidade torta, vi meu castelo bem distante, porém, muito dentro de mim e de meus sonhos de adulto.
Caio, eu não vou comer meu castelo de sonhos... você me disse: “tio, eu não vou comer os meus!”
Beijos, Caio, onde quer que eu esteja, estarei cantando para você e pedindo a Deus que lhe ilumine e que seja esta criança linda que me abençoa meus dias. Sou pai, Caio, de duas crianças lindas que se lhe conhecessem diriam a mesma mensagem. Volte, Caio, Fortaleza é seu segundo lar.

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