26 de ago. de 2011

CANTO SEM BRILHO

Canto esse meu canto bandido,
com sorriso escondido,
disfarçado, distraído,
flor que morre ao nascer.

Canto mas nem sei se tanto canto
Tem o brilho do encanto
Que persigo e, no entanto,
Me faz rir do meu sofrer.

 Canto pra esse amor de desencanto
 esquecido em algum canto
 sem raiz, sem formosura,
sem motivo pra cantar.

Hoje sei, perdi o brilho,
Trem saído do seu trilho,
Sem poder olhar pra trás.

Hoje sei, que por enquanto
Busco um lume pro meu canto
Que me sirva de acalanto
Que me embale e por amor
Eu não sofra nunca mais.

ACHO QUE O AMOR

Acho o amor uma pedreira,
Quando cai numa peneira
Se desmancha na poeira
Encobrindo o ceu e o mar.
 Acho que é um tormento nebuloso,
 Cão sarnento e raivoso
 Que só pode machucar.

 Acho o amor uma baladeira,
 Derrubando passarinho,
 Que saiu lá do seu ninho
Para o mundo admirar.
 Acho que o amor é uma fogueira,
 Tanto brilha como queima,
É fagulha que inebria
Uma noite de luar.

 Acho que o amor tem nove horas,
 Só quem marca é quem chora
 Tanta dor de se amar,
 Acho que o amor é traiçoeiro
 Se resolve no banheiro,
Se o desejo é só gozar
 Acho o amor uma piada,
Só entende quem a conta
 Que só rir quem faz chorar.

Acho, eu nunca amei na vida
 Pois reclamo de um amor
 Que eu não tive em minha vida.
 Acho que quem ama não concorda
 Que o amor é passageiro,
Que é apenas um momento,
Que se tem como alimento
Que se quer pra vida inteira.

SEGREDOS DE AMOR

Brincam em mim tantos segredos de amar,
Como se fossem revelações de medo,
Arremedos de revelações,
Turvar-se de paixões que se morreram sós.
Doces são todas as paixões e benditas sois.

Amargo perdê-las,
Triste  viver longe delas.
Aventuras minhas que terminaram em mim,
Brincando dentro de mim
Como se meu corpo fosse envelope de tristezas.
De frustrações,
Sensações do derramar-se o último gole d’água
Perder-se, sem mágoas, nesse emaranhado de ilusões
Sem trazer de volta os segredos dos perdidos amores.

Quem amarão  nesse momento?  Sei lá...
Sei, apenas, que firmando os olhos em alguma estrela vária,
Sinto-me, completamente só, nessa noite solitária.


Fortaleza, 26 de agosto de 2011


PORTEIRAS

Dia dessas, noite dessas,
Nossos olhos se encontrarão.
Será que perguntarão pelas lágrimas derramadas?
Aí, não importarão  tormentas,
Nem tempestades que provocamos nós.
Por que desfazê-las agora?  Não, amor,
Nosso tempo é relógio sem hora, espaço vazio.
Por que abrir tantas porteiras, que se revelam cruéis?
Por que, se a liberdade fugiu e é rio que morre no mar?
Somos náufragos de uma vida, que, nessa noite,
Nem espera o dia amanhecer.
















23 de ago. de 2011

AMOR:  ASSIM COMO NASCE À PRIMEIRA VISTA, DEVERIA MORRER À ÚLTIMA VISTA.

Dia desses, com tristeza, recebi a notícia da separação de uma amiga minha. Com tristeza, digo, porque o separar-se é algo que envolve sentimentos quebrados, rotinas dantes não avaliadas, que muitas vezes ficam acumuladas no inconsciente, mas, quando afloradas, são piores do que uma guerra atômica em seu zênite.
Caminhei alguns minutos em volta de mim mesmo, como quem mergulha em si mesmo, dentro de suas experiências de, também, separado e calculei o momento em que iria falar com minha amiga sobre o que houvera acontecido.
De chofre, vi, em derredor, as paixões inebriantes que sufocam os enamorados com suas juras eternas de amor, de fidelidade, de amar-se e de ser-se uma para o outro a vida inteira, como se a vida fosse o jardim desenhado, florido e apascentado por balir de ovelhas, mugires de vacas e folhas caídas de árvores primaveris, anunciando um novo alvorecer, um novo florescer de paz, de amor inconteste, sem máculas e sem problemas. Esse é o mais lindo e sacro recôndito dos amantes. Deveria, portanto, transcender-se.
Infelizmente, a vida não é azul e nem composta somente de ceu de brigadeiro. A vida é um conturbar-se perene de dificuldades e desafios, onde aqueles que a ousam atravessar deveriam levar em conta o companheirismo de quem se lhes sustenta o cantil necessário à jornada e reparte o pão que lhes fará seguir adiante. O darem-se as mãos é o mais singelo ato de amor quando se avistam tempestades.
Em todos os cantos e poemas, romances e conversas no divã, busca-se o tal equilíbrio sentimental. Nós somos a síntese diáfana do amor e do ódio. Somos aríetes da emoção e do imediatismo da paixão. Seres apaixonados não olham a realidade. São tão fortes em si mesmos que o conselho do cuidado soa-lhes obstáculos que não podem ser considerados.
O amor, assim como nasce entre duas pessoas, deveria morrer da mesma forma. Os sentimentos ante a perda, quiçá, irreparável por parte do homem, que haverá de se sentir o último da espécie em imaginar sua amada em outros braços, buscando um novo amor, dantes lhe jurado, ou da mulher que se vê abandonada, como se fosse vindita por algo que lhe fugira à compreensão, são exatamente iguais: o fracasso.
Restou-me dizer, à minha amiga, essas palavras e unir-me a ela em seu sofrimento. Sofrimento de quem já passou por isso e escapou quase ileso. Sofrimento de quem pensa no ser humano como o ser que é humano e que tem suas verdades, seus momento, seus mistérios, suas glórias e decepções. Sofrimentos que alimentam a necessidade de se recompor e enxergar a vida sem que o outro seja, necessariamente, o complemento.
A separação, hoje, parece-me, o caminho mais fácil da covardia e da falta de honestidade. Em ambos os sexos. Os apelos são muitos e todos são bonitos perante a lei, assim como o melhor, ou a melhor, dos ou das amantes. Somos, na maioria, pais de filhos de pais separados, que buscam mostrar para os filhos que a relação não deu certo, mas que eles se encontrem e sejam felizes com seus pares. E nós, os que fomos deixados para trás, homens ou mulheres, somos ou seremos felizes, enquanto feridas tantas povoarem nosso imaginário? Honestamente, não tenho a resposta e, se a tivesse, talvez fosse eu o primeiro a ser mais feliz.



AMANDA
Braz

Vem com jeito de menina,
Teu chorar é só neblina,
Inundando os olhos meus,
Crescerás como alvorada,
Como noite enluarada,
Embalando os sonhos meus.

Teu amor, então, comanda
Astros, círios e oceanos.
O universo é o teu plano,
Tua trilha, tua sina
E a vida te ensina
A conquistar os sonhos teus.

Há sorrisos de esperança
Pelas praças, pelas ruas,
Rede armada nas varandas
Flores, chão, estrelas, ceu
E a vida é só Amanda.

Esse poema eu compus para Amanda, filha do meu querido amigo Edvânio Nobre ( O Zé de Louro), por ocasião de seu nascimento, mas só agora encontrei nas minhas desordenadas anotações.


18 de ago. de 2011

Mara

Como negar ao meu coração esse carinho
 a esse amor que é tão amigo
que divido aqui contigo
nesses versos que componho,
que suponho sejam chão, sejam caminho.

Como negar essa paz
 que transmitem os olhos teus,
que não choram com adeus,
não se quedam ante amarguras.

Como fico sem cantar
Lindas loas de amizade
Pra dizer que, na verdade,
Poemas são para brindar
Quem nasceu na poesia
Quem pra mim é flor do dia,
Quem pra mim é liberdade.

Digo, enfim, sem um lamento
Amizade não é momento
É infinito que conduz
Quem a tem, quem a possui,
Para uma estrada que só flui
Somente pra quem tem luz.

Bjs.... feliz aniversário!!!!
Mandei agora porque você estava muito mal criada no seu dia, viu? Bichinha!!!

13 de ago. de 2011

LETÍCIA

Nos teus olhos um aquário
É maior que o oceano
Ondas são uma menina
São silêncio de crianças
No teu rosto um riso franco
Faz a gente se embalar.

Num sonho tão verdadeiro
Dá vontade de brincar
Quando te vejo correndo
Numa estrada que suponho
Vejo em ti a liberdade,
A canção que eu componho
Seja a canção do vento
Seja o sopro azul da paz.

A candura da criança
Num oceano de ternura
Que uma onda não desfaz.

9 de ago. de 2011

DIA DOS PAIS

UM OLHAR DE TERNURA
Cicero Braz de Almeida

Te ensinaram que a vida é tão dura,
Que ser forte é realização,
E esconderam a tua ternura
No oásis do teu coração.

Te ensinaram a acordar  cedinho.
Lá, no berço, eu queria  carinho.
Esqueceram que a tua verdade
É chão, fazendo nosso caminho.
Esqueceram, pai,
Que parto não é só de montanha;
Que amar é sublime
Que na vida é o amor que ganha.

Se um dia eu ficar bem tristonho
E sentir os meus olhos sem brilho,
Lembrarei que, também, tenho filhos,
Que sou pai, que também tenho sonhos
De mostrar minha realização.

Vou lembrar que somos iguais:
Pai e filho, homem e trabalhador
Lembrarei que um porto seguro
Não precisa de um homem tão duro
Basta, apenas, um olhar bem maduro,
Basta, apenas, um gesto de amor.