13 de nov. de 2010

Passageiro do Destino


 Imagem/Internet

Ando pelas ruas da cidade
À procura de desejos reprimidos,
Perdidos nas lembranças de teus beijos.
Corro, procurando um chuvisco,
Algo que desmanche teu vestido.
Como visgo de jaca eu me desmancho.

Tonto eu me perco no passado
De teus sonhos contra os meus
E vejo quanto de mim ali se perdeu,
Pois mãos que se procuram com paixão
Também se apertam juntas à solidão
E nos fazem nós desencontrados.

Eu passo pelas ruas da cidade
Com passadas lentas, sem alarde,
Arranco do meu peito o que me arde
Como quem arranca esta paixão
Que me inebria.
E corro ao meu quarto em desalinho
Esperando te encontrar mais uma vez,
Mas uma sombra na parede se fez
Me mostrando que eu estou aqui sozinho.
TUDO POR UM GRANDE AMOR
Vi minha vida em teus carinhos
E meu amor entregue a ti,
Aquele amor que o infinito
Não soube como definir.

Vi este infinito em teu olhar
E vi como é triste a solidão;
Vi como é pequeno este infinito
Que não soube a mim me decifrar:
Se meu amor é esta imensidão
Maior que as estrelas de plantão,
Maior que o céu, a terra, o ar
E bem maior do que possa precisar.

Então, que voltes logo para mim
Antes do sol se esconder
Antes da lua anoitecer,
Perdendo um raio prateado
Que, sendo uma flecha dirigida,
Te lance logo em minha vida
Pra que eu possa viver sempre a teu lado.

Nossas Mãos

Mãos, nossas mãos
Serão assim tão bem iguais,
Guardando em si recônditos segredos,
Quebrando jaulas de indomáveis medos?

Ah! Nossas mãos...
Quando juntas estão
São elos fortes de uma corrente
Que se propaga célere
E que se dizem marco, uma semente
De onde brotam tanto amor e sonhos...

Mãos que se procuram num só tempo:
Da liberdade, da criatividade,
Da certeza deste amor tornado perfeito
Quando nossas mãos, assim deste jeito,
Se cruzam numa oração divina.

Serão tão iguais, assim, nossas mãos
Que, primitivas, arrancam do barro
Este poema, estes versos que hoje narro
Em forma de mão, apêndices de pão,
Saciando-nos deste amor eterno,
Dessedentando nossas almas e corações
De angústias e aflições vãs.
Mãos, para sempre assim: Nossas Mãos
Fortaleza, 25 de agosto de 2010
Para minha filha, Mariana, que sempre diz: “pai, não precisaria fazer teste de DNA para saber se você é meu pai e de Gabriel, basta juntar nossas mãos”.
SANTA CECÍLIA
Perante Deus, então, seu corpo casto
Resiste, firme, da água à fervura
E ante a dor sorri com formosura
Como flores em vasos de alabastro.

A foice do algoz, com brilho nefasto
Ceifou-lhe a vida, não sua candura;
A Deus entregou-se tão bela e pura,
Perecendo sua alma em holocausto.

Milhares de pagãos já convertidos
Com a visão do seu corpo decepado.
E a música divina em seus ouvidos

Era a messe de um céu tão esperado.
A luz que brilhou, intensa, em vigília
Era o amor que nos deu Santa Cecília.

Fortaleza, 22 de outubro de 2010

Homenagem ao Colégio Santa Cecília por ocasião do término do 3º ano do ensino fundamental de minha filha Mariana

Você Comeria Seus Castelos de Sonhos?


Diuturnamente, deparamos-nos com fatos que nos estarrecem, chocam-nos, às vezes, por sua intempestividade, por vezes, povoando este nosso universo, que aceitamos como tal e qual, remetendo-nos a um caminho que sonhamos de paz.
Quando crianças, fomos ZORRO! Nele sublimamos a justiça, muito embora o Sargento Garcia, que lhe perseguia, também queria a mesma paz, a mesma dualidade de equilíbrio entre o bem e o mal. O mal perdia e nós nos divertíamos com as papanguçadas do nosso admirável sargento.
Este tema é infantil, mas, no meu tempo de adulto, recorro a estas fantasias.
Volto ao meu antigo reino infantil. Eu brincava com cavalos de pau imaginando-os verdadeiros em cabos de vassoura, onde eu seria o cavaleiro vencedor na próxima esquina. E jogava jogos de botões de cuja lavra eu era o artífice. Não havia número e nem nomes em seus costados, apenas a vontade de brincar.
Construí muitos castelos de areia e, nestes castelos, vi neles os meus sonhos de criança. Neles, era sonho, acreditava que os homens pudessem ser felizes. Que nunca fosse contado que Caim matou Abel. Que Eva traiu Adão. Neste castelo, eu procurava a princesa “com quem iria me casar” e ter minhas crianças que nasceriam e com as quais seria feliz.
Este castelo, vi nos olhos de uma criança excepcional; uma criança vitimada pela violência que assola nosso país. Cantei para ela e ouvi suas palmas. Beijei seu rosto e nela vi a imagem de Jesus e, nela, a esperança de quem vai sobrepujar todas as adversidades .
Neste dia, após descer do palco, fui ter um dedo de prosa com esta criança. Impressionaram-me sua desenvoltura e a facilidade com que colocava suas idéias. A referência que fiz alhures sobre castelo veio justamente de uma pergunta dele: “Tio, você comeria seu castelo de sonhos?”.
No alto de minha experiência, fiz-me calar sem uma resposta de bate pronto. O castelo para mim era uma imagem real, palpável. Não era um castelo de sonhos. Os sonhos é que lhe povoavam. Desarmei-me de todas as idiossincrasias, pragmatismos e idéias pré-concebidas. Remontei o meu castelo e fí-lo em sonhos. Pronto! Não havia lago a lhe rodear, cheio de jacarés, nem torres, nem aquela porta ridícula que era içada por fortes correntes. Ah! Tirei, também, a princesa com quem iria me casar.
Providenciei uma urgente volta à minha infância, vesti-me de mago absoluto, plantei jardins de imaginação e fui um rei de um reino perfeito, onde todos eram felizes, onde todos trabalhavam e colhiam o seu quinhão de felicidade. Que reino lindo e que castelo de sonhos factível. Era o nosso castelo, não o seu, não o meu. A união era a maior arma. Guerras? O que é isto? Jamais
Que viagem emocionante. Meus olhos, rútilos, brilharam na travessia ímpar da emoção de ser feliz e de vivenciar o meu castelo de sonhos.
Voltei a esta realidade torta, vi meu castelo bem distante, porém, muito dentro de mim e de meus sonhos de adulto.
Caio, eu não vou comer meu castelo de sonhos... você me disse: “tio, eu não vou comer os meus!”
Beijos, Caio, onde quer que eu esteja, estarei cantando para você e pedindo a Deus que lhe ilumine e que seja esta criança linda que me abençoa meus dias. Sou pai, Caio, de duas crianças lindas que se lhe conhecessem diriam a mesma mensagem. Volte, Caio, Fortaleza é seu segundo lar.

Prefácio do Livro de Jevan Siqueira - Gosto de Saudade

                                                 O sertão é pródigo em histórias e estórias. Casos são repassados por inúmeras gerações. São transcendentais. Causam-nos espécie pela sua simplicidade, pela forma como são contados e cada um tem a sua interpretação própria, pela sua idiossincrasia.

                                                 Debaixo de uma mangueira muito se falou da vida, dos seus percalços e de suas dificuldades. Se o sol não era abrasivo aí é que, com bons goles de café, feito num fogão de lenha, servido num bule de ágata e em canecas similares a gente propunha soluções e sonhava com dias melhores. Cafezinho esperto que fazia demorar a conversação nos alpendres das casas grandes. A vida não era esta que passa na televisão. Notícias se ouviam pelos “raidinhos” de pilha colados nos ouvidos do caboclo, pitando um cigarro de palha quando retornava da roça. Ele é que dava a interpretação que, às vezes, demorava uma semana para o povo entender.

                                                 Você, Jevan, meu caboclo amigo, saído lá do sertão, de onde “fulorava “ os “gái” do imbuzeiro, de onde caía a “fulô” do juazeiro e do tingá, soube compreender e entender por que nós somos tão criativos. O sertanejo é um sábio e sabe “mió” do que ninguém assuntar as coisas sérias da vida. É rude, porém honesto; é simples, porém sincero; desconfiado, porém amigo.

                                                 Hoje, lendo o seu livro, quedei a imaginar. Este Siqueira do Cedro, cidadão de Juazeiro, morando em Fortaleza, com mulher, filhos e tudo, meteu-se a ser poeta além de excelente cantor. Pastorei seus versos e prosas, uma leitura gostosa que passo a apresentar.

                                                 Tudo que aqui está escrito é de muita autenticidade e tudo aqui é verdade e sem a máxima pretensão de sua imortalidade. São momentos inenarráveis por outros que não os vivenciaram . O propósito é o livre ler e se descontrair com o verso caboclo, com a prosa fácil, como se estivéssemos debaixo de uma mangueira, pitando um cigarro de palha, bicando uma cachaça, ouvindo uma voz bonita puxada por um violão e a lua sem seu perdão, escutando uma canção, proseando com todo mundo.

                                                 É um livro danado de gostoso. Deus do céu! Como é bom a gente sentar, sem nenhuma preocupação na vida, e abrir este livro em qualquer página e se divertir com os casos narrados e rimados pelo poeta Jevan. É uma viagem pelo interior e pelo nosso interior. Nele vemos passagens de nossa vida. Somos passageiros íntimos desta viagem que marcou a vida de todos nós.
                                                 É um orgulho indescritível fazer parte deste livro. Felizes estamos nós que conhecemos o Jevan Siqueira, como cantor, pai, marido avô e amigo. Uma plêiade juazeirense, cedrense e fortalezense estará feliz com seu novo salto, este de escritor que, embora não queira hastear bandeiras mais altas, há de se perpetuar em nossos corações, como exemplo de um homem que, de forma humilde e singela, descreveu momentos importantes e inesquecíveis em sua vida e, agora, creiam, em nossas também.
Fortaleza, 02 de outubro de 2007
Cícero Braz de Almeida

SANGUE E AREIA


Chegamos ao fim de mais uma disputa eleitoral para Presidente do Brasil. Uma disputa ferrenha, porém eivada de atos e fatos que denegriram a sua essência, mormente por ataques gratuitos e invencionices de um candidato em seu afã de conquistar o eleitorado brasileiro.
Durante esses três meses de disputa, veio-me à mente o título desse modesto texto numa alusão ao livro de Vicente Blasto Ibáñez, mais tarde levado às telas sob a correta direção de Rouben Mamoulian.
O drama a que me refiro, sucesso nos idos de 1942, conta a trajetória de um toureiro espanhol, seus amores, fama e desilusões até a sua morte, praticamente na arena, quando de sua fase outonal da fama.
Mas, o que teria a ver essa lembrança com as nossas eleições, talvez lhes ocorra essa pergunta. Até onde o melodrama espanhol calharia com as aspirações dos concorrentes?
Em primeiro lugar, em jogo estava a briga pelo continuísmo ou não de um grupo, no poder há oito anos, que se proclama autor de uma mudança radical na forma de governar e, numa forma populista, conseguiu incluir milhões de miseráveis na linha dos acolhidos pela sociedade, mormente a de consumo.
O que fazer para derrubar do poder alguém que chega ao término de seu mandato com quase cem por cento de aprovação sem macular sua imagem perante o eleitorado e, ao mesmo tempo, induzir o eleitorado a acreditar em erros e desacertos apontados ao longo da campanha e, dessa forma, ter de volta o poder antes perdido? Como atacar tal governo, aceitando que ele era a continuação do anterior, criticá-lo ferozmente, apontando para mudanças de rumo sem contudo poder dissociá-lo de seu antecessor? Mais ainda, como defender o seu suposto mentor e não poder usar sua imagem, correndo o risco, como de fato aconteceu, de não amealhar os votos necessários ao seu  intento?
A arena estava montada, o touro escolhido e vamos às espadas para derrotá-lo, minar suas forças não interessando a baixeza dos golpes aplicados. Nunca se viu na história das eleições desse país tamanho desespero e tamanha avidez em jogar palavras sem nexo, plantar-se tantas mentiras. Mas a arena estava ali e uma platéia ávida por sangue também.
Ao candidato oposicionista restou o apelo às crenças desse povo já tão crente. Nunca em sua vida comeu tanta hóstia, leu tantos versículos de uma Bíblia que, talvez, um dia tenha negado, tal e qual o seu mentor político. O que interessa é o sangue para ofertar ao povo.
Nas campanhas ,das quais esse operário que hoje comanda o país participou, nunca se viu tanto preconceito, tanto ódio. Ele afrontava as elites, era o risco iminente para um país emergente; mudaria a cor da bandeira do Brasil, pintaria a batina do Padre Cícero de vermelho e outras sandices mais.
Agora, a candidata da situação representa a própria encarnação do satanás, como se negasse que o Deus de quem tanto falam só existe porque a outra força também existe. É o velho jogo do bem contra o mal. Quanta ignorância! Nunca se falou tanto de aborto com tanta irresponsabilidade, somente para atrair votos de carolas e de quem vive de rezas como se isso fosse uma moeda de troca. Quantas armações idiotas forjadas por uma rede de televisão que pouco se importa com a moralidade e com os bons costumes dos lares brasileiros e com o aval de uma igreja que não quer perder o poder e o dinheiro que isso representa.
Senhor Serra, o senhor foi abortado da nossa prática eleitoral, o sangue que V.Sa queria misturar com areia nessa guerra sórdida não vingou. Reveja seus conceitos éticos, se é que os tem, assim como o Partido que lhe patrocina. Muitos votos foram para o seu lado por conta dessa sua peregrinação religiosa o que lhe qualifica a se ordenar padre, com sobras. Porém, cuidado! antes de sair falando de quem é a favor do aborto, olhe para seu passado e , como aproveitador da idéia dos outros que é, pois só assinava leis e projetos já criados, assuma que uma delas foi a regulamentação do aborto financiado pelo SUS. Sou favorável a seu ato, foi um gesto nobre, raríssimo em sua personalidade.
Acabou-se Sr. Serra, finalmente. O que esperamos é que no próximo embate o seu Partido apresente alguém com hombridade  suficiente para ter condições de governar esse País e não procurar jogar sangue na areia onde você também pisa.   
Resta à Igreja afastar-se de temas afetos a foro íntimo. A Igreja, com suas atuações sabidamente tendenciosas, deveria ater-se a seus problemas, que são tantos, cuidar para não perder fregueses para outras seitas, para mim, tanto ou mais inferiores. Não se meta na legislação de um País que não é seu de origem, posto que questões como o aborto devem ser precedidas de uma discussão inteligente do povo  e do Congresso e não nos ridículos sermões de tão ridículas missas. Povo religioso é povo ignorante e pobre, massa fácil de manobra para tantas filiais de igrejas menores, entanto tão maléficas quanto as maiores. Faça apenas seus séquitos rezarem para não ganhar os bens materiais, esses reservados a vocês, e somente o reino de deus tão loteado ao longo dos séculos.
Finalmente, no próximo embate, escolham bem a arena e o touro e o que representarão, se a descabida paixão que leva à morte os princípios morais mais comezinhos, isto é o SANGUE, ou se a leveza do respeito, a obediência às leis morais e a justeza dos compromissos, isto é o chão, ou seja, a AREIA.

Fortaleza, 31 de outubro de 2010

COM RESPEITO AOS PALHAÇOS, É HORA DE FECHAR O CIRCO

Com muito respeito à classe de palhaços e donos de circo, escrevo esta crônica em nome de tantos pais, como eu, que não têm sindicatos, associações, organizações e afins, como aqueles, para lhes defender. Não têm, sequer, um local grande o suficiente para abrigar-lhes em prol de uma causa justa: (desculpem-me a jocosidade do termo) a palhaçada ocorrida neste final de semana com o ENEM.

Antes de tudo, todos nós acompanhamos nossos filhos, ao longo de oito anos, numa batalha insana com intuito de ingressar numa faculdade federal e, depois, seguir a carreira escolhida e colher os frutos plantados ao longo desta árdua tarefa. Posso falar em nome de todos, pois sei que os objetivos, assim como os esforços envidados neste mister, foram parelhos, foram equânimes, foram honestos e trilhados ,palmo a palmo ,com muito suor e dedicação.

Com muito respeito aos palhaços, eis que uma instituição governamental, criada para cuidar do desenvolvimento educacional do povo brasileiro, ungido do mais alto poder dentro deste labor, o responsável direto pela condução de nossa juventude, a quem hipocritamente taxa de nosso futuro, comete o mais deslavado pecado dentro da área que lhe é afeta: errar o gabarito de uma prova além de dubiedade na distribuição de outra. Isto para mim tem nome: CRIME de lesa honra e o mais grave estelionato contra esta mesma juventude, futuro de nossa pátria. Pois sim!

O que esta juventude pode esperar de seu futuro se o governo, guardião mor de seus interesses, simplesmente só atina para os SEUS interesses? Que país é este onde estudar-se em escola particular virou crime? Onde nascer-se numa cor diferente da negra e uma etnia que não seja indígena tornou-se entrave para o desenvolvimento do país? Se o interesse meramente político deste governo é tornar  iguais os estudantes de escolas privadas com os da públicas, que se dote estas de meios legais, de nível, concupiscente para uma concorrência sadia. Para quê apelar-se para um erro tão chulo ( desculpem, não encontro outra palavra) para provocar a anulação de um concurso tantas e tantas vezes defendido, com unhas e dentes, em sua seriedade, a  prova de erros, de interpretações dúbias, de ações criminosas?

Mais uma vez peço desculpa aos palhaços, mas por que o interesse gritante dos reitores das universidades federais em aderirem ao novo método de exame? Seria o chamamento federal, acenando com o corte de verbas, caso contrariado em seu afã de massagear seu alterego? Isto tem nome, isto é ditadura, isto é nazismo e deve ser condenado por todos os brasileiros, os que estão se sentido indignados, como eu, e aqueles que serão amanhã. Não pensem que estou aprovando esta anulação movido por um interesse particular. Ao contrário, particularmente, estarei prejudicado pelo excelente exame feito por minha filha. Mas sou a favor da justiça e ela tem que ser perseguida até o fim para que todos, ao final, vejam seus esforços reconhecidos.

Sinceramente, não confio neste país. O jeitinho brasileiro está presente em tudo. Quantos casos de gabaritos comprados, de pessoas que fazem prova em nome de outra, que corrompem professores universitários para obter aprovação em suas disciplinas? São estas pessoas que se candidatam a cargos públicos e, pasmem, ocupam. É este o país que queremos para os nossos filhos, futuro deste país? Não, não queremos para nossos filhos trajetórias dos filhos de Ícaro. Queremos, isto sim, que aprendam a ser homens e mulheres dignos, honrados e guardiões das leis e dos preceitos morais, o inverso disto tudo que aí está a mandar em nosso país.

O erro, se proposital ou não, foi cometido por vocês e compete a vocês dele se redimirem sem proteger apaninguados de vocês ou coisa que o valha. Como disse alhures, não confio neste país e se meus valores morais não fossem tão rígidos, mudaria a educação que dei a meus filhos, torná-los-ia párias como vocês que comandam este país. O problema, senhores, é que eles também não aceitariam, porque são honesto demais para atos de tal jaez.

Com muito respeito aos palhaços, está mais do que na hora de se fechar o circo, porque a lona que o reveste já está pequena demais para abrigar mais ministérios e, por conseguinte, mais palhaços.

12 de nov. de 2010

UM BEIJO SELVAGEM

Dá-se de tudo
Num infinito momento...
Dá-se quase tudo
Quando a paz é alento.

Dá-se tudo
Quando a vida é o momento
Onde tudo se dá
Pela paz deste momento.

E o que é a vida
Sem o apaixonamento?
O que somos nós:
Macro ou micro elementos?

Seremos assim tão virulentos
Que não nos podemos amar?
Nessa relva, nessa selva de imagens?...
Será que não podemos ser cruéis,
Nessas ramagens?
Será que posso te dar
Um beijo, assim, selvagem?
Será que o futuro
Vai curtir nossa bobagem?

O que importa,
Se a porta da paixão é entreaberta...
O que importa se eu não disser a coisa certa?
O que importa
Se entre a tua e a tara minha
Imiscuí-me no odor da tua calcinha
E, nele,
Entre sofreguidão e frenesi,
Pude ser tão teu e,
Junto a ti,
Escancarei todo esse tesão por ti!

Natal, 12.06.1990