26 de set. de 2011

GOTAS AMARGAS, DE ARTHUR DE CARVALHO
Diariamente, somos surpreendidos por fatos inusitados que nos acontecem e que, só depois, tentamos dar uma direção ou, sei lá, algum sentido.
Nós, cronistas, carregamos no âmago a necessidade da observação de fatos cotidianos para, na nossa humilde análise, transpô-los para o papel, digo, tela dos nossos micros.
Dia desses, num desses bate papos informais com amigos, nos Docentes e Decentes, jogávamos conversa fora, falando sobre amenidades: futebol, os destinos de nosso país, a proximidade da copa do mundo, enfim, uma descontração que nos deixaria mais “maneiros”, como se diz, e partiríamos para as nossas casas, como sempre, agradecendo a Deus pelas amizades e por termos amigos tão próximos.
De repente, um cidadão se aproxima, talvez percebendo a nossa desenvoltura alegre em discorrer sobre vários temas ou, talvez, querendo fugir do seu solilóquio, pediu-nos para compartilhar daqueles momentos. Claro, aquiescemos e demos continuidade ao que fazíamos, dando as devidas oportunidades de inserção na conversa ao nosso inesperado conviva.
Começamos a observar que o nosso “convidado” danou-se (como diz bem o bom cearense) a emitir opiniões descabidas sobre temas vários, o que nos causou espécie, sobretudo quando presente estava um querido amigo, Álder Teixeira,  escritor, poeta, de uma refinadíssima educação, além de um desembargador, que não posso declinar seu nome e outros de quase mesma escol, fazendo-nos nos permitir apartes fortuitos, numa fática função, apenas para se dizer em linha com os assuntos ali comentados.
Confesso, às vezes minha paciência fica por um fio, mormente quando se trata de amargar tipos de opiniões distantes do objeto em foco ou ter que aturar invasões grosseiras sobre o que se conversa, mesmo sendo conversa fora. Deu-se o inusitado quando o Álder resolveu falar sobre literatura, justo ele, cujo cabedal de cultura faz inveja, no bem sentido, a muita gente.
Falou-nos, Álder, sobre um belo conto de Machado de Assis, Missa do Galo, e de como os ícones do nosso escritor máster do realismo lhe impregnavam de admiração. O nosso amigo redarguiu, quis imiscuir-se no tema, discordando aqui e ali de algo que, concluímos, não conhecia. Outros livros foram citados e, sobre todos eles, uma tácita observação acontecia por parte do nosso indigitado amigo.
Ocorreu-me a apoteose: indaguei:
___amigo, estou acabando de ler um livro e estou com dificuldade de entendê-lo. Talvez , meus parcos conhecimentos não mos permitam absorver.
___qual? Indaga-me o genérico Apolo da cultura.
___ Gotas Amargas, de Arthur de Carvalho.
____esse é o meu escritor predileto! Só não lhe contarei o final porque seria uma desfeita de minha parte! É um dos melhores romances que já li... mas, ainda não chegou em nossas livrarias. Recebi pela netshoes, entrega imediata. Pense num livro!
Olhei para o Álder, como a que pedir desculpas pelo erro que não cometemos.
Pagamos a conta e fomos para casa baleados em nossos parcos conhecimentos.
Pois sim!


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