22 de jul. de 2011

A MORTE DE MEU PAI”
Assim, entre aspas, começo a meditar sobre o texto de um amigo, dileto amigo e escritor: Álder. É como lhe chamo e como a ele me dirijo, em palestras boas ou quando jogamos conversa fora. Assim, como lhes escrevo e como vejo o universo desse meu caro amigo (como disse um dia Chico Buarque), mas não naquela realidade política tão bem retratada por ele. Não. O assunto é bem outro. E como é.
Escreve-nos, o articulador, sobre uma passagem triste em sua vida: a morte de seu pai.
Em seu trajeto, entre Fortaleza e Iguatu, toda a sua infância lhe veio como um filme, em preto e branco, do que fora a experiência de ter um pai. Cabiam-lhe, na bagagem de filho, alforjes tantos de saber e de ternura que aqueles minutos, em um avião, não lhe diriam jamais. Uma viagem, remetida a outra viagem mais profunda, mais verdadeira. Uma viagem num trem de um interior.
Lendo essa crônica, lembrei-me de outra do Manoel Bandeira, onde ele descrevia o medo de morrer longe do seu pai, posto que faria uma viagem à Suíça para submeter-se a um tratamento contra sua tuberculose, e não querendo que fosse longe do seu pai e tendo o Oceano Atlântico como obstáculo a distanciá-los. Quem morreu foi o seu pai, segurando sua mão, não tendo, sequer, um parede a separá-los.
A angustia do Álder, por não entender o porquê de uma partida tão prematura, aliada a um não sei quê de que porque eu não estava lá, faz-nos repensar o que é ser um pai. O que é ser pai dentro de um contexto onde temos que ser provedores machos e leoas de nossos filhos. Independe o sexo da criação quando o assunto é amar e ser amado. Ensinar aos nossos filhos o que é amor e o que é amar, sem distinção. Ser pai é ser leão e leoa. É ser fera e ser manso.
Pais, quem os teve, ou quem os tem, não são a última pá de terra que se joga em sua vida quando ela não existe mais; pais, quem os teve, ou quem os tem, não são o último grito de aflição quando está se afogando e nem o primeiro espinho que se tira do pé infante.
Álder, entre aspas iniciei meu sublime comentário, não pela dor acolchoada que suas palavras cobriram nosso manto de ternura e de admiração por todos os pais, ao contrário, porque não pude derramar uma palavra pelo pai, que acho que não tive, e tampouco uma lágrima para deitar-lhe sobre o ombro naquela viagem para o Iguatu.

5 de jul. de 2011

A FELICIDADE MAIOR DE UM PAI


Acredito que não existe nada no mundo, nesse mundo tão complicado de se viver, tão injusto e tão cheio de agruras e desigualdades, mais importante do que perceber o brilho de vitória estampado nos olhos de um filho. E de uma filha.
Acredito que não existe ninguém no mundo, nesse mundo tão cheio de incertezas, de ódios e rancores vãos; nesse mundo no qual não cremos vivê-lo, consubstanciá-lo, trazê-lo para perto de nós como se fosse um rebento nosso, alguém que seja mais feliz do que eu.
É claro, falo sobre minha filha Mariana, para mim nascida Mariana Barbosa Nobre de Almeida, assim, sem tirar nem por, sem desmerecer quaisquer sobrenomes, nem evidenciar algum em detrimento de outro, ou porque soa melhor aos ouvidos um, ou porque um outro remete a tergiversações denotativas que possam transparecer algo além do que se está grafado e do que, verdadeiramente, representa. Simplesmente, minha filha se chama Mariana Barbosa Nobre de Almeida, como convém a uma princesa que tem uma mãe e, também, um pai.
A felicidade maior de um pai é estar acima de todas as adversidades e saber que, em alguns momentos, o melhor é renunciar a muitas coisas em nome de um bem maior. A felicidade maior de um pai é relembrar de um dia, quando sua filha estava infeliz em um colégio (ela era pequenininha, mas já se impunha) e acatou seu pedido, transferindo-a para outro e, assim, vê-la desenvolver-se feliz, sendo esse anjo de candura, por mim descrito em crônica alhures.
A felicidade maior de um pai é estar feliz com seus filhos, acompanhando-os, mesmo que distante, e vibrando com suas conquistas. Suas conquistas.
Tenho meu coração em festa e me declaro festivo e festivamente escrevo sobre as festividades que meu velho coração de pai festeja. Sei que é época junina e do meu peito saem balões iluminados por lumes de felicidade. Minha voz acorda a alvorada, soltando rojões de rejúbilo e não tênues são os rasgos de aurora que inundam um amanhecer em paz.
A minha felicidade maior, hoje, é compartilhada comigo mesmo, num brinde solitário, marginalizado e distante das homenagens feitas, e merecidas, para aquela que, para mim, é a mais linda acadêmica de medicina de que se tem notícia.
Tenho convicção de que fiz o que pude dentro dos meus limites. Tenho no ouvido, ainda, sua voz, linda, pedindo-me para orientá-la sobre redação, um item valorizado num exame vestibular. Lembro que desenvolvemos, a quatro mãos, um tema aleatório, somente para testar a parte ortográfica e os aspectos formais de uma narrativa, que é o seu forte, e eu fui dormir tranquilo, sabendo que minha “pipoquinha” faria uma excelente prova. E fez.
A felicidade maior minha, como pai, é dar-lhe os parabéns, minha filha, porque você é uma vitoriosa desde pequenina. Nas minhas mãos, para sempre, estará marcado, com os ferros da felicidade, o símbolo de sua vida: UM M. De Mariana e de Médica.
Sei, minha filha, que o futuro lhe reserva as maiores venturas. Estarei sempre atento ao que se passa ao seu redor, mesmo que distante e mesmo que, solitariamente, brinde ao seu sucesso e sua felicidade, que é tudo que eu quero nessa vida.
Parabéns, Mariana Barbosa Nobre de Almeida, pela felicidade que você me dá por ser o seu pai.