UMA DECISÃO CORAJOSA
Quando pensamos que sabemos tudo sobre a vida, ou quase tudo, amparados pela experiência que ela nos confere ao longo desses anos todos de luta, sofrimentos, alegrias, enfim, todos os ingredientes que, digamos assim, poderiam se tornar em mais um desses livros de autoajuda, eis que o inusitado, esse tempero bom, prega-nos peças para que possamos refletir sobre.
Hoje à noite (já é madrugada) fui ao encontro de amigos ligados à música, para, além de ouvir, tocar e cantar algumas melodias, também conversar, trocar ideias, enfim, um excelente programa para uma descontraída noite de terça feira.
Claro, confesso, que, ultimamente, venho refletindo sobre relações humanas, casamentos, vida a dois e como a rotina disso tudo, por vezes, estraga um relacionamento. Se não houver maturidade, sinceridade, pessoas que se amam tendem a crer que o casamento, ou relação a dois, se preferem, acabar-se-ão pelo confinamento compulsório a que estão destinadas certas relações.
Na minha modesta opinião, quando cortamos o nosso cordão umbilical, dão-nos a senha da liberdade. Ficamos livres daquela que nos abrigou por nove meses, provendo-nos de nosso todo essencial, mínimo, de vida. Somos livres.
Mas o que ouvi, hoje (não dormi, ainda) sobre o fim de um a história de amor, encantou-me, sobremaneira. Acho que, ainda, não havia tido contato com tal experiência.
Uma mulher, muito elegante, bonita e com um charme que faria qualquer homem tentar uma aproximação vulgar numa noite quente de nosso verão, dedicou-me algumas horas de seu tempo e me contou sobre sua recente separação do homem a quem verdadeiramente amou. Era seu segundo marido e com quem tem um filho de três anos. Sofre de uma doença incurável, de natureza psiquiátrica. Isso tornaria a sua relação insustentável, inclusive com a iminência de uma tragédia maior.
A separação foi dolorosa, ainda que necessária. O amor, que ainda existe, foi afastado em prol de uma segurança pessoal e de seu filho.
Há três anos estão separados, idade de seu rebento.
A coragem dessa mulher tocou-me de forma contundente. Não se trata aqui de uma separação passional, onde o ódio se mistura com o amor dantes jurado. Não eram marinheiros de primeira viagem. Amavam-se e ele ainda a ama. A doença é barreira, mas o seu gesto não foi de covardia. Dele não cobrou nada, apenas compreensão.
A noite, para mim, ficou serena. Ao meu lado uma bela mulher, inteligente, corajosa, decidida, dona de seu próprio nariz. Uma mulher que trabalha e dedica sua vida aos seus filhos, um de cada casamento, e que consegue mostrar que pode ser maior do que amor que sentia pelo seu companheiro, mas, percebeu que a separação era o melhor caminho, para que ambos continuassem vivos e ela possa cumprir seu desiderato de mãe.
Se vai encontrar um novo amor, não sei. Mas será feliz aquele que conseguir chegar perto de um espírito tão honesto e generoso.
Hoje eu vou dormir em paz. Com coragem de enfrentar a minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário