SORRISO DA ÚLTIMA LÁGRIMA
Espera,
suspende um pouco a pá a ser usada
Para cobrir de terra os olhos meus.
Espera,
nesse derradeiro adeus
Que eu diga para ti que o ser humano
Não é eterno, e nem é absoluto,
É, quem sabe,
um ente ensimesmado em seu luto,
um ente ensimesmado em seu luto,
Um palhaço que faz rir, para sozinho
Desnudar o seu viver, que é tão bruto.
Espera,
minha filha,
Se me julgas, se me jogas na cadeia,
A ti te digo:
O amor, essa coisa que carrego em minhas veias,
Não pode ter nascido só no coração.
Só no coração.
Espera,
minha, filha,
Resta um pouco de terra nesta pá alçada,
Pensa um pouco, o mundo é quase nada
Vê... olha para cima... vê...
Olha o sol.
hoje ele brilha... brilha fortemente
Enquanto essas trevas me rodeiam
Como se eu fosse uma ilha.
Espera,
Não desfeches, agora, o golpe derradeiro,
Teu primeiro choro sorvi inteiro.
Foi inverno?, foi verão?
Não sei.
Foi verdadeiro.
Pronto.
Lança o resto de pó em minha face,
Não morri, ainda,
Meu corpo, talvez, algo vivace...
Minha alma?
Não, essa sim se foi embora,
Como eu, sozinho, inda ela chora
Por quem morre, por quem inda agora nasce.
Minha filha,
por favor,
minha menina,
Ultima o ato:
Fecha, por favor, essa cortina.
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