A CURVA
DE GAUSS
Gabriel,
bem sabes que detesto matemática, não me convence a frieza exata de seus
números. Prefiro a singeleza do espírito e a graciosidade do ser humano, quando
pleno de sinceridade e de amor.
Entanto,
dentre todos os princípios matemáticos, todos eivados na frieza de fórmulas, a
mim um me tocou de forma singular: a curva de Gauss.
A
nossa vida é um ciclo que nos remete a sucessos e fracassos. Quando jovens,
vislumbramos um horizonte de brilho e de sucesso. É o início da subida dessa
sábia curva. Começamos num tatear e aprendemos com o caminhar.
Há
vinte e nove anos chegaste a minha vida, como um presente divino. Eu estava no
meio da curva, sonhando com venturas possíveis para nós dois.
A
vida foi nos mostrando agruras que nos fizeram passar boa parte de nosso tempo
longes um do outro.
Enquanto
eu chegava ao topo da curva, ainda buscavas teu espaço dentro de um lar, que
não era somente matriarcal como querem divulgar, hoje em dia, nas redes
sociais.
Meu
filho, estou na minha fase outonal, enquanto estais na primaveril. Estou
descendo a curva e tu nem chegaste a meio caminho. Esse é o teu tempo.
Aproveita. Cuida de produzir o que a tua capacidade e inteligência te permitem.
Que te cobrem, de ti mesmo, exigências para uma descida da curva com louros de
vitórias, e não com lágrimas de fracassos.
A
curva de Gauss, para mim, não é uma fórmula simples de matemática. É a divisora
da existência e das realizações humanas: quem souber escalá-la com parcimônia e
determinação, terá pouso suave no regresso às últimas etapas da vida, a que
todos estamos fadados.
Meu
filho, no teu aniversário eu só tenho no olhar o brilho da felicidade que essa
data me proporciona. Só rogo a Deus que, nessa curva, Ele te dê toda a força na
subida e o necessário apoio na descida. Aproveito para te declarar amor eterno.
Feliz
Aniversário, filho do meu coração. Felicidades mil.
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